Uma Autoridade

“Deus tibi dedit auctoritatem, ne cuiquam eam tradas.”

Deus te deu autoridade, não passe a ninguém

Agora vamos ressoar  uma mensagem poderosa e profundamente espiritual, merecedora de uma reflexão profunda dos espíritos despertos, sobre o valor intrínseco da autoridade concedida por uma força superior, aqui, o nosso Criador.

No contexto teológico ou filosófico, a autoridade não é meramente uma posição de poder ou controle sobre os outros, mas sim uma responsabilidade concedida por Deus para agir de acordo com princípios divinos.

Quando se diz que Deus deu a autoridade a alguém, implica que essa pessoa foi escolhida ou designada para exercer certo nível de influência ou controle, mas sempre sob a orientação e os preceitos que advêm de uma autoridade superior, ou seja, do próprio Criador.

A autoridade, nesse caso, não é vista como algo mundano ou político, mas como uma forma de servir aos desígnios divinos. Ela é uma responsabilidade que exige discernimento e justiça, em alinhamento com os princípios espirituais.

A segunda parte da frase, “não passe a ninguém”, reforça a ideia de que essa autoridade não deve ser entregue ou delegada a terceiros de maneira leviana. Ao contrário, deve-se preservar a integridade e a missão que vêm com essa autoridade. A razão para isso é que, ao transferir essa autoridade, abdicamos da responsabilidade que Deus nos confiou, ou pior, permitindo que ela caia nas mãos de alguém que não está preparado ou que não tem o discernimento adequado para usá-la de forma correta. Não conceda a nenhum tirano ou qualquer predicado burocrático, seu poder, sua  liberdade, ou mesmo de decidir sobre seu destino e modo de vida.

A autoridade recebida não é algo que possa ser negociado ou passado adiante como uma simples troca de poder ou cessão à outrem. Ela é uma incumbência pessoal e intransferível, dada a cada indivíduo para que ele a exerça com sabedoria e em benefício da liberdade e harmonias amplas, sob a luz dos princípios que regem o cosmos.

O conceito também pode ser aplicado a diversos aspectos da vida, desde a liderança comunitária até as relações interpessoais. A autoridade dada por Deus pode ser interpretada como os dons e talentos que cada indivíduo possui. Assim, a mensagem é clara: não negligencie ou subestime os presentes que lhe foram concedidos, e, sobretudo, não permita que outros os usem de forma indevida ou em desacordo com a missão divina que você tem a cumprir.

A frase nos chama, portanto, à reflexão sobre o papel individual na responsabilidade de usar a autoridade divina com justiça, sabedoria e amor, sem abdicar dessa responsabilidade.

Fundamentação Religiosa

“E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:28 – ACF)

Esse versículo refere-se ao momento em que Deus confere ao ser humano a responsabilidade de governar a terra e todos os seres vivos nela.

A palavra “dominar” aqui não implica em exploração ou abuso, mas sim em uma responsabilidade de cuidar, governar e preservar a criação divina de forma sábia e justa.

Esse conceito de autoridade dada ao homem é visto como parte dos desígnios divinos, onde o ser humano, criado à imagem de Deus, deve refletir  Poder, Liberdade, Sabedoria e cuidado na administração da terra. Isso inclui a responsabilidade sobre os recursos naturais, a fauna e a flora, sempre com o propósito de manter o equilíbrio e a harmonia da criação divina.

 

Fundamentação Filosófica

 

“Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança.”

Franklin fez essa observação em um contexto político do século XVIII, refletindo sobre a importância de preservar as liberdades individuais, mesmo em face de crises ou ameaças à segurança.

Ele acreditava que a troca da liberdade por segurança é uma armadilha, porque, ao final, o controle excessivo pode levar à perda tanto da liberdade quanto da segurança.

Nos modernos debates sobre direitos civis e liberdades em tempos de conflito ou crise, quando governos ou instituições podem tentar impor mais controle sob o pretexto do “bem comum” ou proteger as pessoas.

 

Interseção Religião e Filosofia

 

“Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo.” (Salmos 82:6 – ACF)

Este versículo, quando interpretado em conjunto com a frase de Benjamin Franklin sobre liberdade e segurança, traz uma profundidade filosófica sobre a natureza do ser humano e sua relação com a liberdade e responsabilidade. Na visão bíblica, ao dizer “vós sois deuses”, o salmista enfatiza a dignidade e o poder que os seres humanos receberam de Deus. Isso não significa que somos deuses no sentido de divindade suprema, mas sim que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, dotados de razão, moralidade, e a capacidade de governar a criação.

Assim como no versículo de Gênesis 1:28, em que Deus confere ao homem autoridade sobre a terra, o Salmo 82:6 reforça o papel do ser humano como um agente dotado de grande responsabilidade. Essa responsabilidade, no entanto, deve ser exercida com sabedoria, justiça e respeito à liberdade, pois, como “filhos do Altíssimo”, somos chamados a agir conforme os princípios divinos.

Agora, ao refletir sobre a frase de Franklin, podemos ver uma ligação entre a responsabilidade individual e a liberdade. Se, como Franklin afirmou, abrir mão da liberdade por segurança resulta na perda de ambas, isso ecoa o chamado bíblico para que os seres humanos, dotados de autoridade e “deuses” no sentido metafórico, usem sua liberdade para o bem. Ao trocarmos a liberdade por promessas de segurança, estamos negligenciando o potencial divino dentro de nós, abdicando da responsabilidade de sermos verdadeiros “filhos do Altíssimo” e nos sujeitando ao controle externo, o que pode nos levar à opressão.

Portanto, a liberdade é um dom divino, e abdicar dela não só diminui nossa dignidade como seres criados à imagem de Deus, mas também enfraquece nossa capacidade de agir com justiça, amor e sabedoria. A verdadeira segurança reside em manter a liberdade e agir de acordo com os preceitos divinos, assumindo plenamente nossa responsabilidade como “deuses” e filhos do Criador.

 

Conclusão

 

“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles contentamento.” (Eclesiastes 12:1 – ACF)

Ao final dessa reflexão sobre liberdade e responsabilidade, o versículo de Eclesiastes serve como um lembrete importante: devemos nos lembrar de Deus e de Seus ensinamentos enquanto ainda temos vigor e juventude, antes que a vida nos traga desafios maiores e a velhice nos tire o prazer das coisas. Isso também se aplica à questão da liberdade. Quando somos jovens, cheios de energia e capacidade de decisão, temos a oportunidade de moldar o nosso futuro e viver de acordo com os valores divinos.

Assim como Benjamin Franklin advertiu sobre o perigo de trocar a liberdade por segurança temporária, a sabedoria do Eclesiastes nos alerta a não esperar até o final da vida para refletirmos sobre o que realmente importa. Precisamos agir enquanto temos forças, tomando decisões que preservem nossa liberdade, responsabilidade e conexão com o Criador. Se deixarmos para agir apenas quando for tarde demais, podemos nos encontrar em uma posição de arrependimento e frustração, tendo perdido as oportunidades de viver de acordo com os valores que Deus nos deu.

Lembrar-se do Senhor “nos dias da juventude” não é apenas um chamado à fé, mas também um convite a viver com propósito, responsabilidade e liberdade. Ao honrarmos a autoridade divina que nos foi concedida, cuidando de nossas escolhas e preservando nossas liberdades, evitamos chegar a uma fase da vida em que o peso das más escolhas nos aborreça. Assim, a verdadeira segurança está em lembrar-nos de Deus, viver segundo Seus princípios e manter a liberdade como um tesouro divino.